domingo, 10 de abril de 2011

Primeira semana de tratamento.


Finalmente este dia chegou – vinte e um de fevereiro de 2011. Viajei a São Paulo no dia anterior para atender ao agendamento de estar no hospital bem cedo e, logo ao chegar uma sensação de medo do desconhecido começou, apesar de feliz pois finalmente iniciava ali o tratamento do melanoma. Este desconhecido tinha sua essência em realizar um tratamento com risco de morte, realizado em UTI e a baixa estatística médica de cura mas, como nossa vida é uma escrita única de Deus, deixemos as estatísticas para os médicos e afins.

Depois de liberado pelo setor de internação, seguimos (eu e meu pai) para a UTI um. Chegando lá, alguns de meus receios começaram a tomar forma, pois tudo aquilo que imaginava que poderia haver ou ocorrer em um ambiente de terapia intensiva era concreto na expressão dos outros 14 pacientes que ali haviam. Durante a chegada, graças a presença de mais um anjo, consegui um leito de isolamento, ou seja, teria um pouco mais de silêncio além de banheiro privativo.

Por que em UTI? O tratamento é pesado e leva o corpo humano ao limite. Limite leia-se próximo a morte mesmo. Um exemplo é o uso de oxigênio e noradrenalina para manter o corpo em funcionamento. Apesar de neste hospital nunca terem perdido um paciente, o tratamento em si tem registros de perdas de vidas, na falta do devido acompanhamento.

Logo ao chegar no leito, recebi a roupa hospitalar e me preparei para a colocação do catéter em veia central. Este procedimento é necessário pois as pequenas veias dos braços não resistiriam à grande quantidade de medicações sem romper. O catéter triplo foi colocado ao lado direito do tórax, na altura do coração. Depois dele vieram os eletrodos cardíacos, aparelho de pressão eletrônica e medidores de saturação de oxigênio. Estava pronto para a primeira dose da medicação.

A medicação consistia em altas doses do medicamento INTERLEUCINA II, injetadas pelo catéter em intervalos de oito horas. O limite de medicação para cada semana de tratamento é de quatorze doses, porém a maioria dos pacientes interrompem este processo devido as fortes intercorrências da medicação. Esta droga é um imunoterápico que, diferente dos quimioterápicos, possui efeitos colaterais mais fortes durante a aplicação que sessam gradativamente após a última dose.

Nesta primeira semana alcancei a nona dose até a interrupção do tratamento. Já fazia neste momento uso de noradrenalina e oxigênio constantemente. Meu corpo ficou inchado pelo excesso de medicações, acrescendo assim dez quilos de peso que fora eliminados nos 4 dias seguintes através da urina.

As intercorrências foram poucas, mas “marcantes”. Além dos  vômitos e diarreia, um tremor tomava conta do corpo cerca de trinta minutos após a medicação. A partir da terceira dose, os médicos descobriram uma combinação de medicamentos que reduziu muito, tornando assim o tratamento mais “suportável”.

Dois dia depois de interrompida a medicação, fui transferido para um quarto simples apenas para acompanhamento das taxas do fígado e rins. Dois dias depois disto, tive alta para retornar para casa.

Meu pai esteve ao meu lado todos os dias, durante o período de visitas da UTI. Mesmo sem muito a fazer ali, sentir a família próxima faz toda da diferença. Recebi também notícias de casa, esposa, filho, amigos – tudo é  incentivo para continuar!


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