sábado, 30 de abril de 2011

Esquentando as turbinas para mais uma semana.

Depois de grandes notícias para alívio de todos, está na hora de se preparar para uma nova semana. Exames e burocracias arranjadas resta o início de mais um ciclo. Cada ciclo é composto por duas semanas de medicação internado, alternadas com uma semana de descanso e um novo PETScan trinta dias depois da última alta médica. O mês de julho reservará a confirmação do PET realizado neste mês.

Os exames de sangue estão muito bons com quase todos os índices dentro de suas escalas de referência.

O coração fica apertado em ficar mais um tempo longe da família e de casa mas o propósito é maior. Meu remédio de pernas começa a abrir seus primeiros sorrisos e só promove alegrias do papai e mamãe corujas. Tenho certeza que Deus e seus anjos cuidarão deles da mesma forma que cuidarão de mim e meu pai lá em São Paulo.

Não pouparei palavras em contar a todos do hospital que estou lá para confirmar o quanto Deus é Grande, Fiel e Maravilhoso. Afinal, estatísticas servem para negócios e não para os filhos de Deus. Eu confio cem porcento em Deus e, agindo Ele, quem impedirá?

Que venha a Interleucina II, pois o propósito de Deus será cumprido até o final, seja ele quando Deus quiser. Estou tranquilo, pronto e ansioso para liquidar mais esta etapa!

Deus continue nos abençoando!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Resultado do PETScan – Algo surpreendente.


Pela postagem anterior era possível mensurar o quanto estávamos ansiosos e esperançosos por este momento. Chegou a hora de saber o resultado daquelas difíceis duas semanas de tratamento.

Apesar de ter pego o resultado do exame cerca de uma hora antes da consulta, mantive o envelope fechado. Não queria que minha preocupação se disfarçasse com uma impressão leiga de um laudo técnico. Disfarcei a apreensão com uma frase cômica: Só abrir o envelope diante do médico pois, caso tenha um ataque do coração, ele já estará lá para me socorrer – em tom de brincadeira.

Ao entrar no consultório, a médica nos recepcionou com um sorriso, confirmando as dosagens de medicação alcançadas em cada semana, além de se mostrar satisfeita com o laudo do PET – consultado eletronicamente. Até ali pensava eu: Uma redução de captação do tumor ou o fato de não haverem novas metástases já significavam boas notícias.

Para a nossa grande surpresa, tivemos um resultado surpreendente: “Ausência completa de atividade metabólica”, isto é, o tumor não estava mais em processo constante de metástase além de não haver qualquer outro que estivesse fazendo aquilo – câncer não mais detectado. Choramos todos no consultório pois era algo desacreditado até mesmo pelos médicos. Falando neles, expressões como “nunca vi isto antes” e “isto é algo incomum” foram repetidas muitas vezes, acompanhada da tradicional perplexidade técnica diante de verdadeiros milagres realizados por Deus.

Este resultado é um milagre sim! Deus fez seu propósito se realizar diante daqueles que acreditam e que não acreditam. Acreditaram na cura da filha de um centurião? E sobre Lázaro? A Bíblia está recheada de casos que são “incomuns” ou “novos” para a humanidade. Neste Deus que acredito e testemunho – Fiel em fazer aquilo que precisa ser feito, dentro de um propósito, para que o conheçam e decidam seguir Seus passos.

Como forma de consolidar o tratamento, especialmente devido a este radical resultado, duas novas semanas de tratamento serão feitas no próximo mês e um novo PETScan será refeito trinta dias depois, para confirmar a negativa de melanoma.

Não citei cura em momento nenhum pois, para a medicina, o câncer melanoma não tem cura, apenas inatividade. Buscamos aqui a negativa de melanoma através do tratamento e acompanhamento sistemáticos. Importante mesmo é saber que para Deus existe cura para qualquer mal, mesmo que para os homens tenha nome de inativo, portador vivo, ou apenas negativo de ação metabólica.

Dentro de suas semanas iniciarei os ciclos e postarei aqui os próximos passos.

Obrigado a todos pelas orações, palavras de carinho e apoio. Como sabemos que muito pode a oração do justo, este comemoração também inclui vocês! Deus os abençoe ricamente e Deus seja louvado acima de tudo – a Ele toda honra, glória e louvor por todo sempre, amém.

Aguardando a consulta...

Hoje estamos no hospital, em São Paulo aguardando o resultado do PET da semana passada e os próximos passos do tratamento. A cada senha que e chamada bate forte a ansiedade de ser o nosso, A hora não passa e a nossa vez não chega.
Sou o primeiro paciente da tarde do meu médico, a recepção da oncologia clínica está lotada como sempre.
Hoje minha irmã Patrícia veio me acompanhando.

Espero ser atendido logo mas, diferente da consulta, quero que o propósito de Deus permaneça durante o resto de minha vida. Ele sabe o momento que estamos passando e, certamente, estará conosco.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

PET realizado

Agora a fé precisa falar mais alto do que a ansiedade. Fiz o PETScan ontem com sucesso.

Claro que durante as duas horas que estive lá dentro muita coisa passa pela cabeça: o que foi feito, a medicação, a resistência, a conduta, a disciplina. Mesmo assim a tranquilidade é algo que reina hoje em meu coração - certamente vinda de Deus.

A certeza que o resultado será parte do propósito, assim como este blog, é algo confortante. Pensar que estou sendo penalizado ou vivendo alguma consequência é coisa que nunca passou pela minha cabeça. Acredito que Deus escolhe pessoas para cumprir determinadas missões, de acordo com os dons confiados a cada pessoa. Missão não é destino.

Que venha o resultado e, sendo ele qual for, que Deus seja glorificado. Tenho certeza ainda que meus amigos e irmãos permanecerão ao meu lado. Deus abençoe a todos!

domingo, 10 de abril de 2011

A expectativa do novo PET.


A hora está chegando. Já se passaram trinta dias da última alta e chegou o momento de ver como está a evolução/involução da doença e eficácia do tratamento.

Hoje estou bem tranquilo, mas sei que a ansiedade logo-logo baterá à porta. A expectativa de todos é grande pela cura pois, quando uma pessoa tem câncer, todos os amigos e familiares também são portadores. Muitas vezes vejo pessoas com medo deste resultado, até mais ansiosas que eu. Em momentos assim, vejo Deus colocando seus anjos, vestidos de seres humanos, para sustentar a mim e minha família em orações e apoio.

Vejo mais uma página do propósito desta enfermidade sendo escrita. A quantidade de pessoas que consegui alcançar com este assunto, tendo a oportunidade de falar de Jesus é grande! Para um pescador isto é um ótimo sinal!


Confesso que um dos maiores “remédios” que recebi é a chegada do meu filho. Hoje próximo a completar dois meses, ele nasceu uma semana antes da primeira semana de tratamento. Ele está ótimo, saudável, crescendo bastante e dando muito orgulho a seus pais de primeira viagem. Até nisto Deus foi perfeito conosco: se recebêssemos a notícia da doença antes da gestação dele, provavelmente ela seria adiada, se ele já estivesse maiorzinho, poderia senti falta do pai e entrar em porquês.  Além do neném, NADA em nossa vida faltou até aqui, incluindo a área emocional, afetiva, financeira, profissional, espiritual! Obrigado meus DEUS!

Tenho convicção da cura mas não sei como isto vai acontecer. Certo sim é que, pela minha vontade, todos os propósitos devem ocorrer antes disto senão para quê isto tudo?

Deixo registrado aqui um agradecimentos aos amigos que tem participado ativamente deste momento com minha família, seja orando, apoiando, cuidando do neném, visitando, ligando. Vocês são bênçãos de Deus em nossa vida!

Segunda semana de tratamento.


Apenas sete dias após a primeira alta, lá estávamos de novo para iniciar uma nova semana de tratamento que quase não se confirmou.  Minha taxa de fígado e imunidade ainda estavam muito alteradas devido a primeira semana mas, após consulta aos médicos, os níveis estavam aceitáveis para prosseguir.

A segunda internação não tinha tantas novidades até ali pois já conhecia as rotinas, algumas intercorrências, etc, mas isto mudou logo após o início das medicações. Como o corpo não estava completamente recuperado, as intercorrências vieram com mais força, inclusive com vômitos tão intensos e constantes, resultando em receber cinco tipos de medicação apenas para o estômago.

Foram seis doses nesta semana até ser interrompido novamente por baixa aguda de pressão arterial e saturação de oxigênio. Receber estes não vejo como problema mas sim, devido a eles, ficar na cama para tudo – alimentar, urinar, defecar, limpar.

Dois dias depois fui transferido para um quarto e a alta foi dada no dia seguinte. Fui para casa bem mas precisei de duas semanas para retornar minhas atividades normais, especialmente pela demora em ter forças novamente para o dia-a-dia.

Agora começava o primeiro período de descanso de trinta a quarenta e cinco dias para realizar um novo PETScan. Através dele nós teríamos os próximos passos:
-       Caso o tumor tenha estabilizado ou reduzido, o tratamento prossegue com mais duas semanas de aplicação desta medicação.
-       Caso o tumor não seja captado, o tratamento é interrompido e exames constantes são necessários para acompanhá-lo.
-       Caso tenha aumentado ou tenha feito metástases em outros órgãos, o tratamento é alterado, incluindo outros medicamentos para alcançar a eficiência não obtida com a interleucina apenas.

Primeira semana de tratamento.


Finalmente este dia chegou – vinte e um de fevereiro de 2011. Viajei a São Paulo no dia anterior para atender ao agendamento de estar no hospital bem cedo e, logo ao chegar uma sensação de medo do desconhecido começou, apesar de feliz pois finalmente iniciava ali o tratamento do melanoma. Este desconhecido tinha sua essência em realizar um tratamento com risco de morte, realizado em UTI e a baixa estatística médica de cura mas, como nossa vida é uma escrita única de Deus, deixemos as estatísticas para os médicos e afins.

Depois de liberado pelo setor de internação, seguimos (eu e meu pai) para a UTI um. Chegando lá, alguns de meus receios começaram a tomar forma, pois tudo aquilo que imaginava que poderia haver ou ocorrer em um ambiente de terapia intensiva era concreto na expressão dos outros 14 pacientes que ali haviam. Durante a chegada, graças a presença de mais um anjo, consegui um leito de isolamento, ou seja, teria um pouco mais de silêncio além de banheiro privativo.

Por que em UTI? O tratamento é pesado e leva o corpo humano ao limite. Limite leia-se próximo a morte mesmo. Um exemplo é o uso de oxigênio e noradrenalina para manter o corpo em funcionamento. Apesar de neste hospital nunca terem perdido um paciente, o tratamento em si tem registros de perdas de vidas, na falta do devido acompanhamento.

Logo ao chegar no leito, recebi a roupa hospitalar e me preparei para a colocação do catéter em veia central. Este procedimento é necessário pois as pequenas veias dos braços não resistiriam à grande quantidade de medicações sem romper. O catéter triplo foi colocado ao lado direito do tórax, na altura do coração. Depois dele vieram os eletrodos cardíacos, aparelho de pressão eletrônica e medidores de saturação de oxigênio. Estava pronto para a primeira dose da medicação.

A medicação consistia em altas doses do medicamento INTERLEUCINA II, injetadas pelo catéter em intervalos de oito horas. O limite de medicação para cada semana de tratamento é de quatorze doses, porém a maioria dos pacientes interrompem este processo devido as fortes intercorrências da medicação. Esta droga é um imunoterápico que, diferente dos quimioterápicos, possui efeitos colaterais mais fortes durante a aplicação que sessam gradativamente após a última dose.

Nesta primeira semana alcancei a nona dose até a interrupção do tratamento. Já fazia neste momento uso de noradrenalina e oxigênio constantemente. Meu corpo ficou inchado pelo excesso de medicações, acrescendo assim dez quilos de peso que fora eliminados nos 4 dias seguintes através da urina.

As intercorrências foram poucas, mas “marcantes”. Além dos  vômitos e diarreia, um tremor tomava conta do corpo cerca de trinta minutos após a medicação. A partir da terceira dose, os médicos descobriram uma combinação de medicamentos que reduziu muito, tornando assim o tratamento mais “suportável”.

Dois dia depois de interrompida a medicação, fui transferido para um quarto simples apenas para acompanhamento das taxas do fígado e rins. Dois dias depois disto, tive alta para retornar para casa.

Meu pai esteve ao meu lado todos os dias, durante o período de visitas da UTI. Mesmo sem muito a fazer ali, sentir a família próxima faz toda da diferença. Recebi também notícias de casa, esposa, filho, amigos – tudo é  incentivo para continuar!